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4 de março de 2020

Dei uma de louca hoje





Caraca, estou tão nervosa hoje. Fui cortar cabelo e passei onde eu trabalhava para ver as amigas. Quando elas me perguntaram como eu estava eu me descontrolei.
Despejei minha angústia nelas:
_ Quero morrer, não aguento mais o comportamento do meu pai, ele vai matar todas nós, minha mãe vai morrer antes dele, não aguento mais estas coisas que ele faz...
Agora estou me sentindo mal.
Primeiro de ter dado uma de louca desvairada.
Segundo que ficou parecendo que não amo meu pai e que ele não tem um lado bom.
Estou só exausta e com meus problemas emocionais tudo isto é muito para mim. Dormir fora de casa é uma tortura, aliás, ultimamente sair de casa é uma tortura. Quero ficar na minha cama quietinha.
Aff. Tô mal. O Namastê passou longe...

3 de março de 2020

Tortura mental





“Nada pesa tanto quanto o coração quando está cansado”.
-José de San Martín-

“Agressão psicológica não é tipo de agressão que visa primeiramente afetar o indivíduo psicologicamente, ficando a violência física em segundo plano”. É uma violência que ocorre sempre em uma relação desigual de poder, em que o agente exerce autoridade sobre a vítima, sujeitando-a a aplicação de maus tratos mentais e psicológicos de forma contínua e intencional.
A forma como é feita a tortura psicológica não provoca dor física em nenhum momento, mas a humilhação. O estresse e angústia causados podem deixar cicatrizes psicológicas permanentes.
Pessoas que sofrem a tortura psicológica muitas vezes precisam de tratamento para poder superar o trauma. Caso não seja tratado de forma adequada, pode levar ao suicídio ou afastamento da sociedade.”


Como uma pessoa pode enlouquecer tanto, tantas pessoas ao mesmo tempo ao seu redor?
Meu pai melhorou do pós-cirúrgico e saiu da fase da demência pós-cirúrgica, mas o comportamento dele não posso dizer que melhorou.
Temos que trocar a fralda na cama porque ele diz que não consegue mexer as pernas, para coloca-lo na poltrona do quarto dele, praticamente tem que ser carregado. A família é de mulheres, difícil carregar um homem grande.
Quando ele melhora, ele fica mal humorado, finge não conseguir fazer as coisas, mimado, egocêntrico. Este trabalho todo para carregá-lo, colocar na cadeira de banho, trocar fralda na cama... Eu falei para minha mãe que mais de 50% é manha. Ela não acreditou muito.
Ontem, ele dando os ataques dele, que consiste em gritar com quem está por perto, gritou com minha mãe. Levou uma bronca dela, minha mãe é elegante, inteligente, sempre foi independente, aliás, ela que banca tudo, teve sabedoria financeira para fazer uma reserva para a velhice.
Então, minha mãe falou para ele baixar o tom de voz com ela e apelou. Meu pai então fez birra e quis ir para a cama e não quis mais ajuda. Minha mãe sempre vai olhar como ele está, de jeito que ele não a veja. E não é que ela o pegou em pé, corpo esticadinho, indo para a poltrona dele sozinho, sem ajuda nenhuma ou alguém por perto????
Ele está fingindo estar muito mal. Está doente sim, mas não tanto. Ele nem vira para o lado sozinho para trocarmos a fralda, temos que virá-lo e é muito difícil e cansativo. Ontem ele “esqueceu” que ele “não consegue virar, que não tem forças para mexer o corpo” e virou sozinho quando eu trocava a fralda.
Nem sei o que pensar, o que dizer. Ele está fazendo tortura mental conosco. Por quê? Não, não é demência não. É calculado. Estou exausta. Com raiva do comportamento dele.  A família toda não tem mais vida. Se tiver três pessoas na casa, ele grita cada hora uma e inventa coisas para pedir para cada uma. Não podemos nem assistir TV.
Minha mãe quer morrer. E eu todos os dias que durmo com ele, quando o escuto inventando coisas na madrugada, também quero. Ele agora acorda 2h, 3h da manhã para pedir o controle da TV. Aí pergunto, quer assistir TV? Não, só quero o controle perto de mim. Aí passa 1h ou menos, grita de novo para guardar o controle da TV. Fica nisto dia e noite, só para irritar. E se você demora mais de 10 segundos para estar em pé ao lado da cama dele, ele grita por socorro.
Pedimos para ele parar de gritar por socorro sem motivo. Sabe o que ele respondeu? _ Grito para os vizinhos ouvirem e denunciarem vocês por maus tratos, porque demoram a vir quando eu chamo, vocês têm de ficar de prontidão para fazer minhas vontades porque sou um homem doente. Na verdade ele acha que mulheres devem “servir” os homens da família.
E é nítido quando ele faz estas coisas por estar com demência e quando faz só para mostrar que manda e temos que obedecer porque ele é doente.
Acredito que como ele perdeu a força física e não nos amedronta com os gritos que ele dava como quando éramos mais novas, ele arrumou um meio de continuar no poder com relação às mulheres da família. Ele usa a chantagem emocional, a manipulação... Foi a forma de continuar ser o macho Alfa. Isto não justifica, até porque se ele tem capacidade de arquitetar isto, ele tem capacidade de perceber o tanto que ele está nos esgotando física e mentalmente.
Meu Deus. O que o Senhor quer de mim?
Só quem já cuidou de idoso sabe o que é e como é. Antes eu julgava quem ficava cansado e queria um fim de semana de descanso dos pais ou avós doentes. Nunca mais falo nada. Tem que viver isto para saber como é duro.
Medito faço minhas orações, peço amor e compaixão no eu coração e vou para a casa dos meus pais. Chego beijo, converso com amor, fico com peninha porque está frágil e magro. Olho com amor e piedade. As vezes ele até conversa por um tempo numa boa.
Não passa muito tempo ele começa a tortura mental. Continuo fazendo tudo, mas aí já faço apenas por obrigação e não mais por amor. Não queria que fosse assim. Minha irmã e minha mãe agora só fazem por obrigação, porque ele acaba com elas. Eu como sei ser mais dura, fico muda e respondo, com respeito de mas respondo. Ele pensa antes de falar algumas coisas, mas aí para compensar, ele solta o corpo e não ajuda e inventa mais coisas para pedir. Não entendo, não entendo mesmo...
Quando ele morrer todas nós estaremos muito doentes e o pior que mesmo sabendo que fizemos tudo por ele até mesmo além de nossas forças e prejudicando nossas vidas pessoais e filhos, ainda sentiremos culpa dos momentos que tivemos raiva dele.