Que venha 2020

2019 foi uma no bom para mim. Muitas coisas aconteceram e não me afetaram, passei por elas com reações normais. Só uma me afetou muito.

Comecei o ano com uma briga familiar séria. Uma parte da família (a que fez a merda) ficando com raiva de toda família, sendo que nós não fizemos nada. Kkk Agora os chamamos de “Banda B” Este fato foi até bom, com a distância deles as reuniões familiares não tiveram briga, fofocas, má vontade, ataques de egos. Foi bom que vimos quem realmente instigava as brigas e discórdias na família. As festas de aniversário e Natal correram bem, cada um fazendo sua parte sem preocupar em ver quem fazia mais ou se alguém não fazia nada. Fluiu...

Um primo que tinha se afastado por causa da “Banda B” voltou a nos visitar. Pedimos tanto a Deus para afastar o mal de nós. Bem Ele afastou, não sabíamos quem ou o que era o mal. Agora descobrimos. Kkk. Tá, não é para rir, mas para chorar. Fiquei um pouco chocada mas fiquei de boa.

Meio do ano meu pai teve recidiva do câncer e fez mais uma cirurgia. Como ele tem Demência Pós Cirúrgica, foi 1 mês e meio que quase morri. Foi uma fase difícil. Queria sumir, morrer. Mas sobrevivi.

Meu filho conseguiu um bom emprego com estabilidade. Grata Senhor. Isto me trouxe tranquilidade.

Bem, saúde piorou. A asma voltou, estou em tratamento. Meu fígado piorou, estou com esteatose hepática graças a excesso de medicamentos que tomei na vida e por ter engordado muito com estas medicações. Tá, eu como muito também e sou sedentária.

Foi o ano em que eu fiquei mais parada e dentro de casa. Mas eu gosto disto.

Comecei a fazer crochê para grupos que ajudam idosos, estudei inglês e espanhol, online mas estudei. Assisti tantas séries e filmes, do jeito que amo. Meditei menos do que eu queria.

Fiz curso de educação financeira e isto mudou meus hábitos e me fez um bem enorme. Agora além de Netflix, eu faço Natflix com a Nathália Arcuri. Por que este povo não institui educação financeira nas escolas? Deveria ser obrigatório.

No geral, o saldo foi positivo. Olho para 2019 com amor no coração. Gratidão.

Estou sem expectativas  para 2020 porque meu pai vai ter que fazer uma nova cirurgia agora em janeiro, o câncer voltou de novo. Então me preparo para ele não sobreviver ou para ter novamente a demência pós-cirúrgica. Não vai ser fácil. Então não faço planos para 2020, vou deixar rolar, esperar conseguir sobreviver a ele vivendo o presente.

Que venha 2020.

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Natal do consumismo.

Começou a chatice do Natal. Vários convites para festinhas com amigo oculto, que geralmente é amigo da onça. Se você não participa é o chato de plantão, aí junta um monte de gente com vários participando só para não ser o chato, gasta o que não tem em presentes bobos e leva para casa algo que quer jogar fora ou dar para qualquer um só para se livrar do presente. Comprar, comprar, comprar... 

Teve um ano que comprei um presente legal e voltei para casa com um kit de escova e pente de cabelo para crianças. Não participei mais, sou oficialmente A CHATA.

E a reunião familiar? Você tem que conviver o ano todo mesmo querendo mudar de país (mas infelizmente não tenho como) e no Natal você obrigada a ir celebrar o consumismo e aturar a noite toda estas pessoas que você não tem como ficar livre. Lógico que sempre tem aqueles que você ama estou desabafando dos chatos... E tem aqueles que você quer que Iemanjá leve como oferenda e sua mãe convida e você tem que olhar na cara da oferenda rejeitada. Ai meus deuses!!!!

Natal e Ano Novo gosto de passar em casa com meus bichos por causa destes fogos de artifício que quase matam os coitados de medo. Este ano serei obrigada a ir à casa dos meus pais, já vou começar avisar que ficarei por pouco tempo. Falarão mal de mim até pelas costas... Já sei. Mas se eu ficar lá muito tempo, no outro dia estarei enterrando pelo menos duas de minhas gatas.

Ontem com os fogos do jogo do Flamengo, uma entrou em choque e a outra vomitou a noite toda de tanto medo. E eu estava aqui cuidando delas, colocando no colo, embaixo do edredom comigo, mesmo com um calor infernal.

Uma vez fui doar alimento para um abrigo de moradores de rua. Chegando lá, perguntei se tinham alimento suficiente para o dia do Natal.  Os religiosos me falaram que no mês de dezembro sobra comida. O problema é o resto do ano que o espírito de Natal vai embora.

As pessoas têm que fazer doações mensais em vez de virem com esta falsidade fingindo ser pessoa boazinha só em dezembro. Sim, mesmo estando na merda ajudo o ano todo, dentro das minhas possibilidades. E ninguém da família sabe que ajudo e nem a quem ajudo.

Ano passado minha uma parte da minha família foi distribuir comida para os pobre em um dia perto do Natal, não fui. O que adianta um dia só no ano??? Eu não entendo isto. Lógico, falaram mal de mim. Kkk Tenho pavor destas falsidades, doar coisas na rua para todos verem que são boazinhas, tirar fotos, contar para as amigas o tanto que está cansada porque ficou ajudando os pobres... Tenho vergonha de ficar perto de pessoas assim. Não quero que ninguém saiba se fiz, o que fiz e para quem fiz qualquer coisa boa, ou doação, ou outro tipo de ajuda. E foto para mostrar para os outros? Humilha quem está recebendo gente, por favor. Nãããõooo façam isto.

Mês de dezembro é um mês estranho. Não gosto. Já estou começando ter crise de ansiedade por causa da chatice que sei que vem por aí. Falta de ar, fome emocional, vontade de chorar e de sumir.

A impressão que a série 13 Reasons Why (Os 13 Porquês) deixou em mim

          13 Reasons Why é uma série de televisão norte-americana, dirigida por Brian Yorkey, lançada em março de 2017 no Netflix. Baseada na obra literária Os 13 Porquês de Jay Asher, a série conta com duas temporadas, a segunda lançada em maio de 2018.

Abordando assuntos polêmicos que afetam muitos jovens como depressão, bullying, isolamento, abuso sexual e suicídio, a série foi um sucesso imediato, conquistando a atenção de público por todo o mundo. fonte

             Amo séries, sou daquelas viciadas. Quando lança nova temporada de alguma série que gosto não faço mais nada. Tipo, deixo tudo arrumado, compro pipoca de micro-ondas com cobertura de caramelo, encho minha garrafinha de água e sento\deito e assisto até a temporada acabar. Começo na sexta à tarde e vou até acabar. Faço umas pausas para alongar, ir ao banheiro. Às vezes tenho que tomar um analgésico porque acabo ficando torta na cadeira ou cama e fico com dor em alguma parte do corpo. J

               Um dia o pessoal da Yoga estava falando desta série, dizendo que deveríamos enviar vibrações para não ter 2ª temporada, falando para ninguém assistir porque incentivava ao suicídio. Adivinha? No mesmo dia comecei assistir. Kkkk

Vi que tudo girava em torno de um suicídio, mas era mesmo sobre bullying, depressão, abuso sexual... Mais sobre bulluing no meu entender. Mas o que me chocou mesmo foi mostrar como os pais pensam que conhecem os filhos e não sabem de nada. Fez-me relembrar minha adolescência, pensar no meu filho. O que eu não sei sobre ele, sobre coisas que ele passou. Bem, respeito muito à privacidade dele e fiquei pensando: “Quantas vezes ele sofreu e não me contou nada?” Bem, não posso mudar o passado, não me arrependo de respeitar a privacidade dele. Gosto que respeitem a minha.

Já a terceira temporada foi mais chocante. O final dela me destruiu. Não vou contar o que aconteceu pois algumas pessoas podem não ter assistido, mas vou dar um leve spoiler.

No final da terceira temporada, final do último episódio ocorre um fato que incentiva os alunos que sofreram abuso sexual a se expor. Os que sofreram se mostram dizendo que são SOBREVIVENTES. Quem sofre abuso e fica vivo, realmente é um sobrevivente. Chorei tanto e só consegui junto com eles repetir. SOU UMA SOBREVIVENTE. Sou mais de uma vez SOBREVIVENTE.

Nunca tinha pensado em mim assim, sempre fingi que isto nunca tinha acontecido comigo. E sim, aconteceu, mais de uma vez. Minha família não sabe de tudo, só sabem de uma das vezes. Não tocaram no assunto comigo, me amaram, via a cara de choro da minha mãe. Não lembro direito dos meus pais nesta época, eu era pré-adolescente, nem quero lembrar, eu era muito nova. Também não quero analisar a atitude deles, pensar se deveriam ter feito isto ou aquilo, porque não sei o que eles fizeram, o tanto que sofreram e conversaram entre eles. Não sei se sem eu saber tomaram atitudes. Não importa mais. Sei que eles fizeram o melhor que eles para aquela época e que foi o amor deles que me fez sobreviver e secar minhas feridas.

Mas ao assistir 13 REASON WHY, fui obrigada deixar cair à ficha, lembrar o que aconteceu e assumir que sou uma sobrevivente foi bom e ruim. Ruim a carga desta lembrança. Bom porque sei que muitas ações minhas agora fazem sentido.  Mas porque eu fui vítima mais de uma vez?????

Fiz terapia, falei sobre isto, mas eu não conseguia lembra direito. Tudo voltou e todas às vezes. Chorei por uns dias seguidos. Passou, queria estar com dinheiro para fazer terapia novamente com a mesma terapeuta. No momento não estou podendo. Eu não me lembro do que falei na terapia e do que a minha terapeuta falou para mim, como trabalhamos isto e se trabalhamos o suficiente. Não me lembro de quase nada.

Não estou me fazendo de vítima. Sou forte pra caramba. Só agora percebo o tanto que sou forte. Não consegui escrever antes sobre isto. Assim que terminei a temporada, chorei, depois fiquei anestesiada, depois tentei analisar. Mandei WhatsApp para meu anjo e falei que precisava de um remédio para dormir. Tomei por uns 5 dias e não tomei mais.

É isto, não sei explicar o que sinto. Não sei o que fazer com o que sinto. É passado e é pesado, não vou viver em função disto.  Não me destruíram, só me derrubaram. Levantei, cambaleante, mas levantei.

Talvez eu tenha virado um Zumbi que não coma cérebro e nem mate gente.

Minha vida com o Transtorno Afetivo Bipolar

Perguntaram-me em um comentário como eu faria a minha cronologia do meu TAB e  quando fui diagnosticada. Resolvi fazer um post sobre isto porque é longo, complexo, nem sei se consigo fazer fielmente. Vou fazer de forma leve.

Quando criança sofria muito com a asma, então não sei se brincava pouco por causa da asma ou se era uma depressão infantil. Lembro-me de minhas amiguinhas e que eu emburrava fácil e às vezes queria ficar só e nem queria ver a cara delas. Será que já era uma mudança de humor?

Adolescência complicada sou uma sobrevivente. Sempre mais isolada, estudando música, lendo livros e mais livros, sempre gostei de tudo relacionado à arte, balé, teatro, flauta, coral, piano, trabalhos manuais... Piano foi meu maior amor, um instrumento solo, não precisa de nenhum outro, ou seja, não precisava interagir. Tinha amigos, muitos e crises de mal humor. Kkkk Mas todo adolescente não é assim? Meus pais não deixam sair, tinha hora rígida para voltar. Mas entre uma aula extra e outra eu aprontava tudo que podia, principalmente namorava muuuuuuito. Sempre tive uma libido excessiva. Tive meus traumas, sofri abusos. Sim, no plural.

Casei nova, mas minha primeira crise de depressão severa, onde fui socorrida por uma amiga que já tinha passado e percebeu o que eu estava passando. Foi após ser mãe. A família sempre acha que é frescura, falta de Deus, vontade de aparecer... estas coisas que quem passa por isto sabe muito bem. Depressão pós-parto severa.

Nossa!!! Não gosto nem de lembrar.  A depressão pós-parto misturou-se a primeira crise maníaca e graças a esta amiga que me estendeu a mão, a minha primeira consulta com um psiquiatra. Estava desequilibrada, brigando, libido a mil, 1 mês sem dormir nem por 1 minuto, gastando o que eu não tinha. Antes eu era pão dura, certinha até demais, nem gostava de ouvir “besteiras”, dormia bem.

Meu primeiro psiquiatra me deu um folder sobre doenças mentais. Vi-me 100% como bipolar (na época usavam mais o termo Psicose Maníaco Depressiva). Falei para ele, ele disse que não que era só depressão. Melhorei mas as recaídas eram homéricas. Um dia desmaiei no trabalho, ligaram para o meu psiquiatra e ele falou que eu devia estar sem comer, porque paciente dele é medicado corretamente. Que raiva tive dele. Mudei de médico

O outro era um palerma, ele até me perguntava quantos dias tinha que me dar de atestado quando eu ficava mal. Eu que tinha que saber? Depois descobri que ele era neurologista e não psiquiatra. Abandonei o tratamento.

Uma amiga me indicou meu um novo psiquiatra que veio a ser um anjo em minha vida. Na primeira consulta ele me ouviu, fez algumas perguntas e falou: _ Posso tentar descrever como se sente e quais seus sintomas? Falei que sim, mas com descrença. Ele acertou tudo e até falou coisas que eu não conseguia verbalizar. Acertou tudo, acertou a medicação, foi fazendo ajustes, marcava 2 a 3 retornos sem pagar. Eu sempre fui muito honesta, sincera com tudo, até porque sou péssima mentirosa porque eu esqueço o que falei se eu mentir vou me desmentir em seguida. Então, quando ele sabia que eu estava totalmente sem grana, me atendia no Hospital Psiquiátrico Público, o famoso HPAP e me dava medicação de graça. Não gosto de ir ao HPAP, kkk lá tem doidos mais doidos do que eu que me assustam kkk. E também me sinto mal por estar tirando vaga de quem precisa mais do que eu. Então, só ia quando eu estava no fundo do posso mesmo.

Depois que comecei a tratar com meu anjo, fui melhorando, às vezes ficava 100%, ele me dava alta temporária, depois recaía ou na depressão ou na euforia... Mas sempre me sentindo segura por ter a certeza que se eu recaísse ou porque parei de tomar medicação porque quis ou porque ele me deixou dar um tempo eu teria este anjo para me proteger com suas asas. E olha que virava e mexia eu resolvia parar porque estava bem. Durava uns meses e ia para o subsolo da Terra. Coisas de bipolar.

Acho que vivi uma 20 vidas em uma de tanta mudança de humor que tive. Fui várias, tive gostos, atitudes, comportamentos e desejos muito diferentes no decorrer da minha vida, e não por causa da idade, às vezes mudava muito em um mesmo ano. Cabelo então, nem conta.

Em 21 de julho de 2012 descobri a meditação no auge de uma crise de euforia. E quem diria que eu ia aprender a meditar mesmo estando doida de pedra? É um aprendizado diário, sou dedicada, estudo, ouço palestras. Estar entre pessoas tranquilas, entre os yoguis, me ajudou muito. Lógico que nem todo yogui é equilibrado, mas está se esforçando para ser, como eu. Isto ajuda bagarai, como diz meu amigo @intadoshivao.

Hoje em dia estou um pouco letárgica, sem libido e meu anjo diz que no meu caso ficar sem libido é bom. Kkkk sacanagem dele.

Não tenho ido ver meu anjo. Quando a receita acaba ele deixa receita para 3 meses no consultório dele para eu buscar. Em janeiro mesmo estando bem eu vou marcar consulta. Falamos-nos pelo WhatsApp, minha irmã fala sempre com ele porque envia pacientes dela para ele (ela é psicóloga). Então tá de boa. Vou levando. Mas quero voltar a ter energia para fazer as coisas. Estou estudando inglês, estudando os Vedas, Bhagavagita e ainda tentando assistir todo o catálogo da Netflix.

Meu anjo falou que quando eu parar de meditar é para eu voltar a marcar consulta de 3 em 3 meses. Meu ortopedista quando eu saio do consultório fala. Nunca pare de meditar, fez muito bem para você. Não faço mais terapia. A meditação fez um efeito 10 vezes melhor, mas lógico que foi super necessária, fiz por 8 anos.

Hoje olho para trás e não reconheço a pessoa que fui como sendo eu. Fiz muita merda mas fui muito guerreira por ter conseguido sobreviver. Às vezes nos meus momentos de introspecção após meditação eu olha para a pessoa que fui e dou um abraço nela e falo. Parabéns, te amo, te perdoo e sou muito grata por você ter conseguido passar por tudo que passou e chegar até aqui.

Sim, a tendência é melhorar. Não se culpe por ter TAB. Não se culpe pelo que fez, o mundo já nos julga e condena demais. Se ame, se perdoe, cuide de você com amor.

E o principal, não abandone o tratamento e MEDITE.

A sahajyoga.org.br é totalmente gratuita e tem meditação online . Ou vá a outro lugar, mas medite.

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Voltando da caverna da escravidão.

Estou sumida. Grata aos amigos que enviaram mensagens perguntando como eu estava e por se preocuparem comigo.

Eu perdi o acesso ao Blog. Entrava e dizia que eu não tinha blog. Este mês que vi que o erro era meu eu estava logada no Google em outro e-mail... dããã. Nossa como sou distraída. Pensei que tinha perdido definitivamente.

Foi um semestre longo e difícil.  Mãe terminando o tratamento de câncer, pai iniciando tratamento de câncer, pai operando o câncer, sobrinho roubando meus pais aproveitando que eles estavam debilitados, família brigando porque tiveram que fazer BO por causa dos 20 cheques roubados, descobrir que seu sobrinho tem mais de processos contra ele...

A recuperação do meu pai foi difícil, passava a noite (de 20h ás 10h da manhã) com ele, trocando fralda e ouvindo ele me gritar de 2h em 2h de dor. Estava exausta. Aprendi a silenciar e observar com a meditação, mas estes dias foram foda conseguir. Percebi que um tanto era fingimento do meu pai. Fizemos ir ao médico e fazer todos os exames disponíveis. Ele estava com uma infecção urinária e o resto era mentira. O médico disse que a dor dele era psicossomática. Mas não era. Ele ficou sem graça e disse que deve ter se enganado e nunca mais reclamou de dor, fingiu que nunca reclamou. Ficou um pouco sem graça e fingiu demência. Ele faz estas coisas para nos torturar.

Chorei de raiva dele e fiquei triste por sentir tanta raiva. Ele está velho, mas melhorou o comportamento, voltou a ir ao banheiro sozinho. Bem, o físico dele é frágil, mas a língua é afiada feito uma katana. Voltei a dormir em casa, mas eu estava acabada, moída física e emocionalmente o estrago tinha sido feito.  Fiquei mais de um mês não sentindo nada, como se estivesse em estado de choque. Ainda nem sei o que dizer ou sentir com relação ao que meu pai fez. Senilidade? Maldade? Egocentrismo? Tudo junto?

Voltei a chorar sem motivo, mas pelo menos sinto tristeza e medo do que vem pela frente porque antes eu me sentia oca, sem sentimento, fazendo tudo no automático.

Sei que fui além das forças de um bipolar em depressão. Sabe? Nós somos é porretas de fortes. Só nós sabemos a dor que existe latejando dentro de nós e mesmo assim fazemos muito, ajudamos quando na verdade precisamos de ajuda, cuidamos quando na verdade precisamos de cuidados, ouvimos quando na verdade precisamos de alguém que nos escute.

Que merda de ano. E ainda desde maio meu vizinho da direita está reformando a casa e destruindo a frente da minha casa e eu sem forças para brigar ou impor minha vontade. E agora o da esquerda começou a reforma também. Putz...

Estamos em setembro e a única coisa que fiz por mim este ano foi ir ao cinema assistir Vingadores com uma amiga que estava pior do que eu depois fomos lanchar. E esta foi a única coisa diferente e boa que fiz este ano.

Estou tão sem energia, vontade de só ficar deitada.  Olho para minha casa e ela está tão suja, só arrumadinha, sinto tanta culpa por isto. Não tenho forças para fazer comida. Estou comendo mal e me endividando pedindo marmita. Acho que queria um início de euforia, pois fico com energia para tudo. Pena que depois só faço merda. Mas... vou sobreviver. Um dia de cada vez.

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Conversando com a depressão

Estou lendo o livro de Elizabeth Gilbert, Comer, Rezar e Amar. Assisti a este filme várias vezes. A primeira vez que assisti achei bonito, deu vontade de deixar tudo para trás e sair viajando pelo mundo. Mas a vida não é tão simples.

Depois conheci a Sahaja Yoga e comecei minha vida mudou, tudo ficou mais nítido, comecei a ver o mundo com uma lente grande angular. Um dia, sem nada para fazer, o Filme Comer, Rezar e amar estava repetindo na TV. Assisti de novo. Como assim, de novo não, na verdade assisti pela primeira vez. Como eu não tinha percebido tanta coisa antes?

Depois que comecei a meditar, o filme se transformou, na verdade a minha capacidade de perceber as coisas se transformaram. Assisti a um novo filme, com os mesmos atores, falas e paisagens, só que tudo com um novo significado. Chorei de emoção ao perceber que eu mudei para melhor.

Dormindo um dia deste na casa dos meus pais, fui guardar minha nécessaire em um pedacinho do guarda roupa que me permiti usar nos dias que preciso dormir lá e atrás estavam os livros da minha sobrinha que já morou lá. Que livro vejo? Comer, Rezar e Amar de Elizabeth Gilbert. Peguei emprestado. Minha sobrinha tem a qualidade do desapego. Deixa tudo dela exposto para quem quiser emprestado pegar.

Sem spoiller, mas falando de uma parte do início do livro, ela está feliz na Itália e do nada, duas velas amigas a encontram lá. A depressão e a solidão. E começam um diálogo com ela a seguindo até seu apartamento.

É, não importa onde estamos, no deserto ou na praia, nas montanhas ou no gelo, se elas quiserem, elas nos encontram. Não tenho muitos problemas com a solidão. Geralmente a admiro e desejo. Mas a sua companheira...

Neste encontro ela fala que a solidão começa a conversar com ela, e se deixar fala por horas. Não acho que seja a solidão a falar, acho que a depressão fala comigo com a minha própria voz, me puxando para baixo. Teima em relembrar o passado, as coisas que fiz e não deveria ter feito ou deveria ter feito de outra forma. Quando caio na asneira de argumentar: _ Mas eu não sabia, não tinha a informação, experiência e sabedoria que tenho hoje. Ela nunca aceita a resposta, argumento, julga, condena.

Quando eu caio na besteira de dar ouvidos a ela, ela fica batendo na mesma tecla, como um loop infinito. Ela acusa, eu argumento, ela reforça, eu me defendo... Aaaahhh.

Grito:

_ FIQUE NO AGORA, O PASSADO PASSOU, PARE DE REVIVÊ-LO. Levanto, sento-me em frente ao meu altar e medito, faço as técnicas que aprendi na Sahaja. Antes de aprender a meditar, eu ficava assim até o Sol nascer. Não acontece mais com tanta frequência, mas ainda acontece. Antes era diariamente, hoje em dia fico bons tempos sem passar por isto. Se deixo de meditar vai voltando devagar e se instalando. Meu filho percebe e fala. Vai meditar mãe, sei que você não está meditando, percebo.

Quando li Elizabeth Gilbert, descrevendo este diálogo e esta experiência tão bem, infinitamente melhor do que eu percebi que deve ser assim com mais pessoas, não sou tão doida. É que poucos falam e muito menos escrevem em um livro autobiográfico de tanto sucesso.

Recomendo este livro a todos.

Bupropiona para fibromialgia \ dor crônica

Parei de tomar o Lítio, mas a Bupropiona é mais difícil, consigo ficar 2 semanas sem, (tomo só 75mg 1 vez ao dia), aí começo a chorar por tudo, as dores pioram, a energia vai embora. Volto a tomar.

Se me fosse concedido um desejo, desejaria ter saúde física e emocional. Mas ainda ia preferir à física. Como é ruim sentir dor 24h por dia.

Queria coisas simples. Consegui ter ânimo e energia ao acordar para arrumar casa ou fazer uma caminhada. Sinto-me tão impotente, inútil, tenho vergonha de estar tão sedentária.

Ando muito triste por causa destas limitações. Sinto como se meu corpo estivesse febril, assim como ficamos com uma gripe forte. Não tenho ânimo nem de ir ao médico. A dor tira a vontade de tudo (menos de comer, estou GORDA).

Fiquei o mês de dezembro sem o Bup. Voltei hoje, vamos esperar ele fazer seu milagre: tirar a vontade de chorar até por coisas lindas, amenizar a dor generalizada e melhorar a minha energia.

Nem fui ver meus pais este fim de semana. Não conseguia sair da cama, e quando conseguia, era com tanto esforço por causa das dores que nem sei se sou boa companhia. Como estou inútil. Até ficar sentada pioram as dores. Tenho que parar com esta mania de parar de tomar as medicações.