Este isolamento social tem
começado a mexer comigo. Saio só para ver meus pais, fazer compras 1 a 2 vezes
ao mês e ir a dentista (que outro anjo que Deus colocou em minha vida).
Uma lembrança recorrente que vem
a minha mente é minha primeira sessão com minha primeira psicóloga. Ela pediu
para eu falar de mim. Depois ela perguntou:
_Preparada para tirar a
purpurina da sua família?
Eu disse que não estava. Ela me
preparou e começou a tirar.
Hoje não tem mais purpurina. A
terapia tirou a purpurina, a meditação me ensinou a observar, e com o tempo de
prática aprendi a apenas testemunhar sem reagir. Descobri muito. Agora, com
este isolamento eu tenho tido muito mais tempo de observar e analisar, me autoanalisar
também.
Infelizmente, acho que tenho
visto mais a parte que vou chamar de sombria, mas não é tanto assim. Algumas
características de comportamento que hoje vejo que são horríveis, e que um dia
também fiz e achei bonita e correta.
O pior, algumas coisas que
minhas irmãs fazem e eu sempre condenei e hoje, só agora (meu Deus como sou
lerda), vejo que são da minha mãe ou do meu pai. Que na verdade herdaram, não
roubaram de ninguém.
O bom disto tudo é que vejo o
que não quero repetir e que vou observar em mim para me corrigir e tentar ser
uma pessoa melhor.
Ando em uma onda de vitimismo
que me assusta. Mas como sempre tive dificuldade de cuidar de mim, e sempre me
lancei para cuidar dos outros, estou me observando nesta fase para ver em que
parte tenho responsabilidade e preciso mudar.
Exemplo, deixar de fazer coisas
por mim e por meu filho por estar ocupada em resolver problemas dos outros.
Uma coisa é a pessoa estar
passando por um problema e você ajudar, dar a mão e puxar do buraco. Outra é a
pessoa se jogar repetidamente no mesmo buraco, por opção e depois em vez de
sair sozinha voltar a te pedir ajuda de novo e de novo... Aí você olha apara
trás e vê quanto tempo da sua vida você dedicou a dar a mão e a pessoa não
mudou e se joga de novo porque sabe que você vai se lascar para ajudar. É
responsabilidade minha permitir ser manipulada assim. Eu permiti.
Véi, eu sou muito permissiva.
Que merda. O pior é que quando preciso de alguém, só alguém para me ouvir, ou
eu tenho que escrever aqui ou pagar psicóloga. Sou a besta que escuta todo mundo
e na hora que preciso...
Bem, é injustiça, tenho duas
amigas lindas que posso contar com o ouvido amoroso.
Como pode ter tanta gente que só
vê o próprio umbigo e não percebe que você também precisa de ajuda?
Mas isto acontece por quê? Por
que eu permito. Como mudar?
Bem, atualmente nos “encontramos”
apenas por WhatsApp. Sempre mando mensagens para as amigas para saberem como
estão. Principalmente as que trabalham na área da saúde. Então esta semana decidi
não mandar mensagem para ninguém. Vamos ver quantas percebem minha ausência. Será
vitimismo demais?
Não estou numa boa vibe. Não
quero ficar em casa só lembrando de coisas ruins. Mas também não quero voltar a
jogar purpurina em tudo e colorir lembranças que na verdade têm com de cinza.
Queria tanto estar com grana para fazer terapia online.