Tenho
que confessar, estou adorando o isolamento. Não estou dizendo que estou
gostando da doença ou da Pandemia. Nunca. Mas estes dias em casa, sem precisar
sair, não precisar justificar ou dar desculpas para não sair me deu um tempo
para descansar emocionalmente do convívio forçado com o mundo. Meu estilo de
vida agora salva vidas.
Também
estou tranquila porque meu pai melhorou e a cuidadora nem precisa ficar mais na
casa deles. O que é muito bom porque minha mãe não aguentava mais tanta gente
entrando e saindo da casa dela e minha mãe também está podendo descansar. Era
empregada, filhas, netas, cuidadora, enfermeiro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo,
geriatra... Aff. Agradecemos o plano de saúde ter fornecido todo este aparato
em casa, mas é absurdamente cansativo, zero privacidade, a casa vira hospital,
é um desgaste emocional absurdo. Minha mãe sofreu. Agora só a empregada vai três
vezes por semana lavar as roupas, porque todo dia tem que trocar as roupas de
cama, porque a urina sempre vaza da fralda à noite, aí pela manhã troca roupa
de cama, pijama, coberta. Lava banheiros, da uma geralzinha. Mas ela é super
cuidadosa. Chega, toma banho antes de começar fazer as coisas, usa muito álcool.
Tudo certinho.
Meu pai voltou a ir ao banheiro
sozinho, vestir a própria roupa e ir vagarosamente de andador, almoçar na
cozinha. Parece mentira que estas três atividades salvaram nossa sanidade. Mas ainda usa falda porque não controla a
urina direito. A noite não controla nada.
A única
coisa que me incomoda é não poder ir lá na casa dos meus pais, meu filho sai
todos nós somos de risco. Só saio de casa para fazer coisas para eles. Tirar
dinheiro do banco ou comprar alguma coisa. Mas em geral, meu filho está sendo o
que faz compra para nós, para os avós e para tia e amigos que precisarem. Ele
está podendo trabalhar de casa.
Tive sintomas gripais, todos os
sintomas do COVID-19 menos a febre. A minha médica me consultou por Whatsapp e
mandou ficar em casa. Se tive não sei, acho que não, mas o risco para mim é
enorme, porque só de tomar banho eu canso, fico ofegante, nem quero imaginar.
Mas tive de me afastar por completo dos meus pais. Quando levava algo, deixava
na varanda, passava álcool e conversava pela grade depois. Ainda estamos
fazendo isto, mas agora já me liberaram para conversar na varanda e voltar a
fazer a barba do meu pai.
Tirando
a preocupação normal com os familiares e de pegar este vírus. Estou curtindo.
Nunca fui tão sociável. Kkk
Primeiro
as meditações coletivas pelo Youtube (ao vivo), lives no Instagram ou pelo
Zoom. Tem em 5 horários diferentes, geralmente escolho 2 horários, o das 6
horas da manhã e outro. Todos os dias. Veja que maravilha, sempre meditava sozinha
e ia a meditação coletiva quando meu humor bipolar permitia. Não perco mais
nenhum aniversário pelo Zoom . A internet está péssima por ter tanta gente
usando, então posso abandonar as festas e colocar a culpa na internet. Que
perfeito.
Ninguém no meu pé cobrando nada,
meu filho é da paz total, fica no quarto dele trabalhando, conversando pela internet,
sai só para as compras. No trabalho só vai se precisar. Só precisou ir 3 vezes.
Eu até acho que ele se voluntaria para ter uma desculpa para sair, mas nesta
ele está salvando vidas, ajudando muito. Quando chega se higieniza. Sou
proibida de sair porque sou do grupo de risco. Tenho asma e minha capacidade
pulmonar era de 40% sem medicação e 50% com, agora não sei se melhorei. Não fui
fazer os exames e só irei talvez ano que vem. Dispensada pelo médico. Meu
psiquiatra me dispensou, deixa as receitas na clínica e se eu precisar de algo
é para mandar um Zap.
Minha vizinha pirou com o
isolamento, entrou em depressão, começou a beber. Tenho um pé de mexerica que
dá muita fruta. Colho, levo na porta da casa dela e grito: _ Mexerica, sei que
não quer ver ninguém, mas mostra a cara para eu saber que você está viva senão
chamo o bombeiro. Na primeira semana ela só mostrava as mãos dando tiau e
agradecia as mexericas, só ouvia a voz. Depois começou a mostrar o rosto. Ontem
foi no portão pegar a sacola que deixei pendurada no portão. Ela envelheceu uns
10 anos neste isolamento. Entrei em casa e chorei. Nem pude dar um abraço. Mas
vou continuar cuidando dela assim, de longe, levando presentes e mandando vídeos
bestas. É o que posso fazer porque nem celular ela quer atender.
Mas enfim. Estou bem, com as
preocupações e cuidados normais, mas sem
paranoia, e vocês? Me contem como estão lidando com a bipolaridade\ depressão e
o distanciamento social. Vamos nos ajudar.
#fiquememcasasepuderem
Olá.Quanto tempo?Costumava visitar seu blog e conversar quando tive uma crise de depressão severa e precisei morar com a minha mãe.Faz uns quatro anos.Sou professora também e há dois anos consegui readaptar. Como a depressão é mais constante em mim tanto quanto a fibromialgia, hoje sou tratada como portadora de síndrome dolorosa somatoforme persistente. Há cinco anos, eu era tratada como bipolar. Sobre a quarentena, pensei que eu era a única “à vontade” com o isolamento social.Também não sou de sair, mas estou dormindo às 03h e acordando às 15h. Estou sem poder ir ao psiquiatra pq a clínica onde ele atende é de oncologia e achou por bem suspender os atendimentos.Engordei muito. Mas sem pressão, meu corpo tem doído menos
ResponderExcluirA disse tudo, "sem pressão" o melhor remédio para todas as dores.
ExcluirAqui, eu não tenho medo desta pandemia, confesso que senti falta da minha rotina cansada de ir trabalhar, estamos trabalhando em escala, meu filho de 7 anos cheio de energia não pode ir a escola., tô com sono desregulado. Mas agradeço a Deus por estar protegida dentro de casa. Também um vizinho passando por dificuldade, pude ajudar com algumas coisas básicas. Que bom boas notícias do seu Pai, abraço continue firme. Foi bom escrever.
ResponderExcluirCriança cheia de energia não nos obriga a movimentar. É bom.
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