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22 de janeiro de 2020

Até quando?



Estou aqui me perguntando:
_ O que o Universo reservou para mim?
Bem, já mal começou o ano e já estou às voltas com doença. Meu gato de 11 anos está com FELV, ou seja, limpo vômito fedido e diarreia de gato o dia inteiro, coitado, está com câncer no intestino. Meu pai vai operar de novo, o câncer voltou, ou seja, trocarei fralda com cocô e xixi de adulto a noite inteira. Que doença horrível este tal de câncer.
Minha vida vai ser assim até quando?
Vou voltar a ter uma vida “normal” novamente. Normal... Digo: Acordar, arrumar casa, cuidar de bichos, poder caminhar, assistir séries, fazer crochê e estudar inglês novamente?
Nunca consigo fazer planos, é só querer viajar, me inscrever em algum curso que tudo desmorona. Pq? Pq? PQ? Tem que ter alguma explicação. E não venham falar de auto-sabotagem pq tudo que acontece está além de minhas decisões. São doenças dos outros, problemas familiares que tenho que ajudar, reparos na casa que acabam com meu dinheiro...
Estou tão cansada. Tão de saco cheio da minha vida. Não temos controle nenhum sobre nada né?
Bendita bipolaridade que me fez fazer muitas loucuras na vida. Sem ela minha vida teria sido “normal”. Pelo menos eu vivi umas três vidas em uma. Bebi mais que devia, tive mais namorados que algumas pessoas em umas duas encarnações, saí muito, ri muito, chorei muito, gastei muito, mais do que eu podia. Tudo foi muito intenso na minha vida. E pensando bem... Graças a Deus, porque agora eu não tenho vivido, só sobrevivido, levando a vida com a barriga.
Se não fosse a bipolaridade eu não teria tantas lembranças boas. As ruins eu resignifiquei e transformei em boas agora. Lasquei-me com aquele namorado??? Tento lembrar só das coisas boas que vivi, sem pensar com quem foi porque eu saí muito, bebi muito, transei muito, ri muuuuito, fui a muitos lugares que hoje não teria coragem de ir, festa que participei coisas que comprei bebidas que experimentei...
Preciso disto, é fuga? Talvez. Mas é o que está me mantendo sã. Minha vida não está mole não. Está se limitando a limpar xixi, cocô e vômito de gente e gatos. Aff
Mas tenho um filho maravilhoso que é a razão da minha sanidade e meus gatos que me enchem de amor. Mas estou cansada, sei que meu pai está muito mais cansado do que eu, sofro também ao vê-lo sofrer, nunca o abandonarei ou tratarei mal, mas as vezes quero sumir por uns dias para um lugar limpo, que eu não tenha que arrumar nada, que eu possa ver uma linda paisagem da janela do quarto ao acordar...
Estou com tanta pena dos meus pais... meu Deus. Deve ser a 15ª cirurgia do meu pai. Não aguento mais vê-lo sofrer...
Vai passar, vai passar...

20 de janeiro de 2020

Hora de cuidar dos pais idosos




Hoje estou particularmente sensível. O câncer do meu pai voltou e ele vai operar novamente esta semana.
Estou com muita pena dele, está velho, já passou por tanta coisa, por esta cirurgia que vai fazer, já passou quatro vezes por ela. Não sei como ele consegue recuperar e sobreviver. Acho que ele ama tanto a minha mãe, que se recupera para não dar trabalho para ela e não deixá-la sozinha. Mesmo ele doente, precisando de ajuda para tudo, ele ainda coloca moral na casa e do jeito dele cuida da minha mãe e da casa. Porque ele da conta de tudo e fica cobrando atitudes. Tipo: Está na época de mandar lavar a caixa d’água. Época de podar as árvores. Pagaram isto? Arrumaram aquilo.
Ele vigia tudo e liga para virem arrumar as coisas. Mas nós, ou seja, mais minha mãe que tem que dar conta de tudo, porque ele mal anda de andador.
Mas aí, quando ele opera, ele tem a tal demência pós-cirúrgica que acontece por causa da anestesia. Dura uns dois meses. A cada semana melhora um pouco, mas são dois meses de tortura. Ele nos adoece, nós piramos junto. (só quem já passou por isto sabe o que é e pode dar conselhos). Ficamos exaustas, muitas vezes até com raiva, e em seguido com culpa. É um tormento.
Estou com pena dele, mas só de pensar nestes dois próximos meses eu entro em pânico. Ele não dorme, nos chama dia e noite sem motivos, só para nos torturar (tá, ele está “doidinho") Mas chegamos ao nível de exaustão. Passado os dois meses ele começa a melhorar e nós todos já estamos doentes. Sério, no mínimo uns seis meses para nos recuperarmos. Corre o risco de morrermos de cansaço antes dele.
Mas, vamos enfrentar. Ele foi um bom pai e merece muito amor. Mas não consigo deixar de pensar em mim, egoísmo? Sentimento de auto-preservação? Não sei, só sei que não consigo parar de chorar em pensar no que me aguarda.
Que o divino criador Adi Shakti me proteja e me encha de saúde física e mental. Que eu sobreviva e consiga ajudar meus pais.
Agora é hora de cuidar deles.

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