Estou lendo o livro de Elizabeth
Gilbert, Comer, Rezar e Amar. Assisti a este filme várias vezes. A primeira vez
que assisti achei bonito, deu vontade de deixar tudo para trás e sair viajando
pelo mundo. Mas a vida não é tão simples.
Depois conheci a Sahaja Yoga e
comecei minha vida mudou, tudo ficou mais nítido, comecei a ver o mundo com uma
lente grande angular. Um dia, sem nada para fazer, o Filme Comer, Rezar e amar
estava repetindo na TV. Assisti de novo. Como assim, de novo não, na verdade
assisti pela primeira vez. Como eu não tinha percebido tanta coisa antes?
Depois que comecei a meditar, o
filme se transformou, na verdade a minha capacidade de perceber as coisas se transformaram.
Assisti a um novo filme, com os mesmos atores, falas e paisagens, só que tudo
com um novo significado. Chorei de emoção ao perceber que eu mudei para melhor.
Dormindo um dia deste na casa dos
meus pais, fui guardar minha nécessaire em um pedacinho do guarda roupa que me
permiti usar nos dias que preciso dormir lá e atrás estavam os livros da minha
sobrinha que já morou lá. Que livro vejo? Comer, Rezar e Amar de Elizabeth
Gilbert. Peguei emprestado. Minha sobrinha tem a qualidade do desapego. Deixa
tudo dela exposto para quem quiser emprestado pegar.
Sem spoiller, mas falando de uma
parte do início do livro, ela está feliz na Itália e do nada, duas velas amigas
a encontram lá. A depressão e a solidão. E começam um diálogo com ela a
seguindo até seu apartamento.
É, não importa onde estamos, no
deserto ou na praia, nas montanhas ou no gelo, se elas quiserem, elas nos
encontram. Não tenho muitos problemas com a solidão. Geralmente a admiro e
desejo. Mas a sua companheira...
Neste encontro ela fala que a
solidão começa a conversar com ela, e se deixar fala por horas. Não acho que
seja a solidão a falar, acho que a depressão fala comigo com a minha própria
voz, me puxando para baixo. Teima em relembrar o passado, as coisas que fiz e
não deveria ter feito ou deveria ter feito de outra forma. Quando caio na
asneira de argumentar: _ Mas eu não sabia, não tinha a informação, experiência
e sabedoria que tenho hoje. Ela nunca aceita a resposta, argumento, julga,
condena.
Quando eu caio na besteira de dar
ouvidos a ela, ela fica batendo na mesma tecla, como um loop infinito. Ela
acusa, eu argumento, ela reforça, eu me defendo... Aaaahhh.
Grito:
_ FIQUE NO AGORA, O PASSADO
PASSOU, PARE DE REVIVÊ-LO. Levanto, sento-me em frente ao meu altar e medito,
faço as técnicas que aprendi na Sahaja. Antes de aprender a meditar, eu ficava
assim até o Sol nascer. Não acontece mais com tanta frequência, mas ainda
acontece. Antes era diariamente, hoje em dia fico bons tempos sem passar por
isto. Se deixo de meditar vai voltando devagar e se instalando. Meu filho
percebe e fala. Vai meditar mãe, sei que você não está meditando, percebo.
Quando li Elizabeth Gilbert,
descrevendo este diálogo e esta experiência tão bem, infinitamente melhor do
que eu percebi que deve ser assim com mais pessoas, não sou tão doida. É que
poucos falam e muito menos escrevem em um livro autobiográfico de tanto
sucesso.
Recomendo este livro a todos.